Uma Flor e Oito Bichos

    
“Uma Flor e Oito Bichos” é como se designa a mostra que é constituída por peças de grande dimensão de Rafael Bordalo Pinheiro. Trata-se de um depósito do Grupo de Amigos do Museu de Cerâmica – uma aquisição feita com um subsidio dado pelo município local – e que integra uma cobra, um caranguejo, um lagarto, um caracol, um golfinho mítico e um cavalo marinho, tudo peças de Bordalo que a fábrica, herdeira da sua obra, voltou recentemente a produzir.A estes exemplares juntaram-se outros como um jarrão de girassóis e uma cabeça de cavalo em terracota de José Fuller, director artístico do Atelier Cerâmico que funcionou naquela espaço onde hoje está o Museu e que foi propriedade do Visconde de Sacavém.
Pode também ser vista uma cabeça de burro em tamanho natural, uma criação de Rafael Bordalo Pinheiro e um conjunto de oito andorinhas – de produção actual -  oferecido pela fábrica ao museu caldense.


Bichos renascidos
Rafael Bordalo Pinheiro depois de um imenso legado de modelos cerâmicos deixa para os últimos anos da sua multifacetada vida, obras de complexa e delicada execução. Estou a referir-me aos fantásticos animais, na sua maioria, de enormes dimensões, onde a verdadeira grandeza era habilmente considerada, numa proporção que continha a escala natural e humana.
Por volta do ano 1900 o artista junta à sua já enorme produção de pequenos animais, outros gigantescos como: O caranguejo, o sardão, o cavalo-marinho, o caracol, a cobra, o lobo e o grou, o golfinho, a cabeça de touro, a cabeça de cavalo, a cabeça de burro, o par de rãs enamoradas, a vespa e a lagosta.
O artista utilizou-os para decorar o pavilhão de Portugal na Exposição Universal de Paris (1889), embelezou com eles muitos recantos das Caldas da Rainha, palacetes e jardins de Lisboa.
 A Fábrica Bordalo Pinheiro, ao longo dos anos, tem salvaguardado o património recuperando muitos modelos de Rafael Bordalo Pinheiro e de seu filho Manuel Gustavo Bordalo Pinheiro e, nos últimos 8 anos, partiu para a “aventura” da recuperação destes animais de grandes dimensões.
Para produzir tais modelos é necessário um manancial de técnicas e procedimentos, que compõem as muitas etapas do processo cerâmico que lhes corresponde. Diria que alguns procedimentos desafiam as próprias matérias e técnicas cerâmicas.
Têm sido anos de grande labor e pesquisa técnica próprias de quem faz cerâmica com estas características tão peculiares mas, que são também motivo de orgulho para a empresa e para os colaboradores envolvidos.
As etapas da recuperação do modelo, realização do molde e da madre até a conformação e ornamentação da peça é um processo moroso, um autêntico desafio.
Depois da lenta secagem, a realização da primeira cozedura é outra fase crucial.
O bicho, no seu estado de chacota (barro cozido) que é a superfície de aplicação ideal para a pintura com os vidrados cerâmicos, é pintado a pincel obedecendo aos critérios e técnicas naturalistas usadas pelo artista.
Após a segunda cozedura o processo cerâmico conhece, por fim, a sua conclusão. Pelo caminho fica a recordação e a experiência de um não mais acabar de técnicas, intenções, gestos e sentimentos.
Ao ver todos estes bichos renascidos do esquecimento, fica o prazer e a certeza de contribuir para a consolidação da memória dos Bordallos.
Elsa Rebelo 

Olaria Séculos XIX e XX

O Museu da Cerâmica abriu ao público no dia 4 de Fevereiro de 2011, na Sala de Exposições Temporárias, uma Exposição de Olaria dos séculos XIX e XX.
Trata-se de uma mostra que reúne um conjunto de mais de 60 peças de olaria da região das Caldas da Rainha e de outros centros oleiros do País, nomeadamente Mafra, Barcelos, Nisa, Estremoz e Molelos.
Esta mostra visa contemplar uma temática muito procurada pelo público que visita o Museu, sublinhando-se o carácter utilitário das peças, pela diversidade de formas e de funções apresentadas e mesmo das marcas de uso visíveis. A par da sua funcionalidade, dá-se ainda relevo à variedade de vidrados verdes, castanhos, cor-de-mel ou à simples terracota. A singeleza e funcionalidade de cada objecto apelam ainda à beleza das formas e remetem para a significativa colecção de olaria que o Museu da Cerâmica conserva, a documentar práticas do quotidiano.
A exposição ficará patente ao público, no horário habitual do Museu da Cerâmica, das 10:00 às 12:30 e das 14:00 às 17:00 horas, de 3ª Feira a Domingo até 30 de Abril.